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Traspassados por Profundas Feridas

Mulher ponderando

Nome Não Divulgado
 
Quando soube que meu marido era dependente de pornografia, senti uma dor profunda no coração como se ele tivesse sido infiel fisicamente.

Cerca de uma semana depois de nos casarmos no templo, descobri que meu marido não tinha vivido uma vida virtuosa como eu imaginava. Surpreendida e devastada, literalmente fugi por duas horas. Nos vários anos que se seguiram, outros detalhes sobre seu comportamento vieram à tona. Muitas vezes meu coração foi "traspassado por profundas feridas" (Jacó 2:35). Sempre que isso acontecia, eu esperava que fosse sua última confissão.

Embora meu marido tenha deixado muitos comportamentos errados desde a juventude, algumas vezes ele me disse que tinha problemas assistindo e ouvindo programas inapropriados e dificuldade para manter pensamentos limpos. Me explicou que não conseguia parar de ter fantasias sexuais. Por ter algum treinamento em mudanças de comportamento, percebi que provavelmente essa dependência sexual era muito antiga.

E por ele não estar agindo fisicamente no seu vício, propriamente dito, era fácil para ele justificar seu comportamento. Ele racionalizava que, por esses pensamentos estarem somente em sua mente, não parecia tão sério. No entanto, ele ainda sabia que esse comportamento era errado. Ele queria parar e repetidamente pedia perdão sempre que havia uma recaída. Ele desejava experimentar uma verdadeira "mudança de coração" e receber a imagem do Salvador em seu semblante (Alma 5:14). Ele sabia que para conseguir isso precisaria mudar seus hábitos e se elevar a um patamar espiritual mais alto por meio da oração, jejum, meditação, estudo sério das escrituras e outras atividades que o aproximariam do Pai Celestial. Tendo esse desejo, começamos um processo de cura com nosso bispo — tanto separadamente como juntos — rumo ao arrependimento e à recuperação.

Recebemos ajuda irrestrita de nosso bispo, mas era mais difícil me ajudar. Verdadeiramente meu marido estava combatendo sua dependência, mas eu estava machucada. Meu coração doía como se meu marido tivesse me traído fisicamente. Eu não confiava mais nele. A declaração do Salvador "que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mateus 5:28) ficava em minha mente, e o ensinamento de Alma que "nossos pensamentos também nos condenarão" (Alma 12:14) me deixava preocupada por meu marido. Me sentia cansada, com raiva, ferida e traída. Perguntava "por que isso aconteceu comigo?" e "por que ele não teve a decência de me contar essas coisas antes de nos casarmos?".

Continuei com esses sentimentos, embora meu marido estivesse caminhando para uma mudança e progredindo muito. É claro que não era assim que queria me sentir em um casamento celestial. Eu sabia que se conseguisse deixar de lado minha dor e minha raiva, poderia ser uma verdadeira "adjutora" para meu marido (Abraão 5:14). Nós também sabíamos que não era bom que ele passasse por esse processo sozinho (ver Abraão 5:14). Essa poderia ser uma oportunidade para mim de ajudá-lo a carregar seus fardos (ver Mosias 18:8).

Ao trabalharmos nesse processo de recuperação, aprendi que, embora não pudesse controlar os pensamentos e o comportamento do meu marido, eu podia controlar meus pensamentos e meus sentimentos por ele. E, embora naquele momento eu não sentia que pudesse confiar em meu marido, eu sabia que podia confiar no Senhor. Senti-me confortada ao estudar as escrituras, freqüentar o Templo, as reuniões da Igreja, jejuar e receber bençãos do sacerdócio. Além dessas fontes tradicionais de conforto, recebi muita ajuda para superar minha dor e minha raiva através da oração e da revelação pessoal, estudo e apoio. Essas coisas finalmente me ajudaram e reconstruir a confiança e o amor.

Oração e Revelação Pessoal

Chorei muitos dias e muitas noites, suplicando por ajuda e conforto. Sou muito grata pela revelação pessoal, que me trouxe respostas específicas, frequentemente mais rápidas do que eu esperava. Sentia que o Senhor conhecia nossos desafios e que Ele estava nos ajudando a vencer essa batalha.

Uma das coisas que mais me ajudaram foi reconhecer, logo no início, que meu marido era um filho de Deus. Isso significava que ele tinha um potencial divino. Como é triste quando um filho de Deus é atormentado com tamanho desafio! Mas por ter um potencial divino, meu marido poderia superar esse desafio. Isso me trouxe grande conforto e paz.

Pouco tempo depois, aprendi que meu marido era verdadeiramente meu irmão. Tenho irmãos terrenos maravilhosos que admiro. Se eu soubesse que um deles era dependente de pornografia, minha primeira reação seria de tristeza. Eu faria tudo ao meu alcance para apoiá-lo e amá-lo enquanto se esforçava para superar esse desafio. Sempre que pensava dessa forma, meus sentimentos eram abrandados e sentia um desejo crescente de ajudar meu marido.

Também entendi que essa dependência era uma provação do meu marido, e não minha. Ele precisava superá-la pela fé e arrependimento através da Expiação de Jesus Cristo. Esse entendimento me ajudou a sentir compaixão por meu marido. Eu podia apoiar, orar, ouvir, encorajar, orientar, compartilhar meus sentimentos e amá-lo, mas não podia mudá-lo, e não podia policiar suas ações ou considerar seu comportamento como um ataque pessoal.

Também senti que se não perdoasse meu marido, deixando de lado minha raiva, então o "pecado maior" estaria sobre mim (D&C 64:9). Parece fácil dizer que os pecados do meu marido eram mais sérios do que os meus pensamentos negativos, mas, se ele realmente se arrependesse de seu comportamento e eu continuasse a nutrir sentimentos ruins, então certamente eu estaria cometendo um pecado maior.

Nosso Pai Celestial nos quer de volta, tenhamos cometido grandes ou pequenos pecados, "há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" (Lucas 15:10). O Salvador não afastaria meu marido, por que deveria eu afastá-lo? Eu deveria perdoar meu marido sempre que fosse necessário (ver Mateus 18:21-22). É claro que perdoar uma pessoa não quer dizer isentá-lo da responsabilidade por suas ações. Eu podia perdoar meu marido enquanto o ajudava a passar pelas conseqüências reais de seu comportamento.

Sei que algumas vezes uma esposa está tão ferida que se sente justificada em abrir as feridas passadas de seu marido para fazê-lo sofrer pela dor que causou a ela. Percebi que isso impede o progresso e aumenta a distância entre o casal. A única maneira de passar por esse desafio é que, tanto o marido como a esposa, devem caminhar juntos na mesma direção rumo à retidão.

Ensino

Como parte do processo de recuperação, eu e meu marido decidimos fazer juntos sessões de aconselhamento. Isso ajudou muito meu marido porque ele tinha alguém, fora do círculo familiar, para relatar seu progresso. O aconselhamento foi benéfico para mim porque pude ver mais claramente o processo de recuperação do meu marido. Tivemos a oportunidade de conversar com um especialista capacitado para nos dizer o que esperar de uma situação como a nossa.

O estudo pessoal e o estudo sobre o assunto foram ainda mais importantes para mim do que o aconselhamento. Claro, porque a experiência de cada um é diferente, o aprendizado também será. Felizmente existem muitos recursos apropriados disponíveis que ajudam a entender e superar a dependência de pornografia. Estudei muitos materiais do evangelho relacionados a esse assunto, incluindo o manual do Programa de Recuperação de Dependências dos Serviços Familiares SUD, artigos no site LDS.org, discursos da Semana de Educação da BYU, e muitos outros livros. Meus estudos ensinaram-me mais profundamente sobre a dependência, o afastamento e a recaída e como posso ajudar e dar apoio. Ao ler os relatos de outras mulheres, cujos maridos eram dependentes de pornografia, aprendi que era normal sentir dor e raiva. Me fortaleci com esses novos conhecimentos e me senti segura em fazer tudo o que estava ao meu alcance.

Apoio

Eu e meu marido éramos muito abertos um com o outro quando conversávamos com nosso terapeuta, mas, por alguma razão, eu ainda precisava conversar com outra mulher. Por ser um assunto muito delicado, achei que não deveria conversar com minha mãe, minha irmã ou minhas amigas. Me sentia totalmente isolada. Em uma de minhas entrevistas com o bispo, disse-lhe que precisava conversar com alguém que estivesse numa situação similar à minha, mas não sabia como.

Ele me disse que os Serviços Familiares SUD tinham um grupo de missionários em nossa área para esposas de pessoas dependentes de pornografia. Era exatamente o que eu estava procurando. Mesmo assim estava muito ansiosa na minha primeira reunião do grupo. Fui recebida com sorrisos calorosos, em um ambiente confortável. Pude chorar e compartilhar meus sentimentos de dor e desapontamento, e aprender com outras pessoas princípios maravilhosos do evangelho de cura através do Espírito. Os laços de amizade que fiz naquele lugar se tornaram fortes e fui capaz de "chorar com os que choram" (Mosias 18:9). Continuo a pensar e, algumas vezes, orar pelas irmãs de nossa reunião de grupo.

Reconstruindo a Confiança e o Amor

Com o passar do tempo e depois que minha dor e raiva diminuíram, continuo a trabalhar nos sentimentos de confiança e amor por meu marido. O Espírito é o único que poderá me dizer quando posso confiar novamente. Ainda temos dias difíceis, e é uma batalha constante, mas quando meu marido me fala a cada dia sobre seus pensamentos e sentimentos mais íntimos, sou capaz de acreditar que ele não está mais escondendo alguma coisa de mim. À medida que minha confiança aumenta, meu amor também aumenta.

Tendo tempo suficiente para restaurar o sentimento de confiança, entre eu e meu marido e entre meu marido e o Senhor, sentimos que precisávamos freqüentar o templo mais assiduamente para nos fortalecermos. Procuramos alternar a ida ao templo com outras atividades mais interativas, aumentando assim nosso relacionamento espiritual e nossa amizade. Quando vejo meu marido se dedicando mais ao Senhor, minha confiança nele aumenta. Quando meu marido é atencioso comigo, me levando para sair e ajudando com as tarefas casa, ele está me convidando para amá-lo e confiar nele.

A Expiação é a coisa mais importante nesse processo que tem me ajudado a aumentar minha confiança e meu amor. Com um problema tão penoso como esse precisei me apoiar no Senhor pois não conseguiria enfrentá-lo sozinha. O Salvador vai nos curar, qualquer que seja nosso problema, se permitirmos que Ele o faça. Ele sofreu por nossas dores, aflições, tentações, enfermidades e doenças (ver Alma 7:11-12). Embora eu e meu marido tenhamos batalhas diferentes, causadas pela dependência dele, a cura do Salvador foi poderosa e adequada para cada um de nós. Quando confiamos Nele, a paz virá, e seremos capazes de esquecer nossa raiva e nossas feridas. Seremos capazes de confiar novamente naqueles que nos machucaram profundamente, mas que, por intermédio do processo do arrependimento e do poder da Expiação, trabalharam para reconquistar nossa confiança e nosso amor.

 

“Vinde a mim”, disse o Senhor, “e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11:28-29). Uma irmã cujo casamento estava ameaçado pela dependência do marido em pornografia escreveu sobre como ela se empenhou para ajudá-lo durante cinco dolorosos anos até que, como relatou ela, “por meio do dom da gloriosa Expiação do Salvador e do que Ele ensinou sobre o perdão, meu marido finalmente está livre — e eu também”. Como uma pessoa que não precisava ser limpa do pecado, mas somente buscou tirar uma pessoa amada do cativeiro, ela escreveu o seguinte conselho, “Fiquem em comunhão com o Senhor. …Ele é o seu melhor amigo! Ele conhece as suas dores, porque já as sentiu por vocês. Ele está pronto para carregar esse fardo. Confiem Nele a ponto de pô-lo aos pés Dele e permitir que o carregue para vocês. Então, sua angústia poderá ser substituída pela paz Dele, no mais profundo da alma”. (carta datada de 18 de abril de 2005).

– Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Ele Cura os Oprimidos”, A Liahona, novembro de 2006, p. 8.

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